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Helena Paul - co-author of Hungry Corporations - has forwarded us the following bulletin of the movement for a GM-free Brazil, with the comment, "They go on about corrupt governments in the G8 discourse, never mentioning corrupt corporations."

We're reproducing the bulletin even though it's in Portuguese, as it contains important information about what's happening in Brazil and how this may fit into a wider pattern.

The bulletin points out that between 1997 and 2002 Monsanto corrupted around 140 government officials with the help of about 700,000 USD. The main aim of the company's bribery is believed to have been to suppress the legal requirment for environmental impact assessments on GM crops. Monsanto has been fined 1.5 million USD for its corrupt behaviour. The trouble is, says the bulletin, that the damage is done and the fine means nothing.

That's what happened in Indonesia but the 2nd paragraph of the bulletin says worrying facts indicate that what happened there may also be happening in Brazil. Here are the main facts:

Last April, just after the approval of the biosecurity law, representatives of biotechnology companies, probably at a meeting of the Centre for Information and Technology, CIT, an NGO financed by Monsanto, Syngenta and others, wrote a project for a decree to regulate the law.

It's said that the legal consultant of the Ministry of Agriculture, Marcio Mazaro, helped write the document. The project got to the Ministry of science and technology where the services of Reginaldo Minare and Darcisio Peronti were contracted.

The former is a strong pro-GM advocate and lobbyist as well as an advisor to major biotech companies and similar organisations. The latter is also a strong pro-GM lobbyist. He was the final draftsman of the Biosecurity law in the House of Deputies (the lower house).

According to informants, these lobbyists took the project to key agricultural organisations and people in Brazil, such as Embrapa and other non-identified people to make sure the project is approved in the House.

This law, if approved, will make the liberation of transgenics very easy and it tries to reintroduce into the law points not approved by the House and others vetoed by Lula.

The project is now in an interministerial workgroup. The coordinator is the lawyer Caio Leonardo Bessa Rodrigues, from the "Home affairs" (Casa Civil) Ministry. He was in charge of government relations at a Law firm, Pinheiro Neto Advogados, where he worked. One of its major clients was Monsanto itself.

The project gives exceptional powers to the Minister of science and technology, who in turn is involved in irregularities in the import of transgenic corn. The import was in the interest of his electoral base, poultry farmers in his State of Pernambuco.

There is no proof of corruption in all these transactions, but in light of what happened in Indonesia, and taking into account the enormity of the profits Monsanto could make in Brazil, many are raising eyebrows. They believe that if Lula wants to show transparency in this case, he should call a halt to the proceedings and at least remove Caio Leonardo Bessa Rodrigues.

Many thanks to Irene Schardijn for explaining this part of the bulletin to us.

For more on the Monsanto corruption scandal in Indonesia: http://www.gmwatch.org/p1temp.asp?pid=58&page=1

For more on 'Hungry Corporations: Transnational Biotech Companies Colonize the Food Chain'

http://www.amazon.co.uk/exec/obidos/ASIN/1842773011/qid=1121030432/sr=1-2/ref=sr_1_2_2/202-2979527-6779832

------ Forwarded Message
From: Campanha Livre de Transgenicos This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.
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Date: Fri, 08 Jul 2005 16:34:05 -0300
To: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.
Subject: [BoletimTransgenicos] BOLETIM 260 - POR UM BRASIL LIVRE DE TRANSGÊNICOS

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POR UM BRASIL LIVRE DE TRANSGÊNICOS
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Número 260 - 08 de julho de 2005

Car@s Amig@s,

A multinacional de biotecnologia e agro-química Monsanto foi pega com a boca na botija subornando cerca de 140 funcionários do governo ao longo dos anos 1997 a 2002, gastando perto de 700 mil dólares. Parte deste suborno foi pago para conseguir a alteração ou supressão de um decreto que exigia que estudos de impacto ambiental fossem realizados pelas empresas, demonstrando a segurança das plantas transgênicas antes de serem liberadas comercialmente. A multinacional admitiu a culpa e pagou 1,5 milhão de dólares de multa para o Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

Alguma semelhança com o "mensalão"? Calma pessoal! O dinheiro é pouco e o fato acima ocorreu antes do Zé Dirceu começar a andar em "más companhias", e, mais importante, ocorreu na Indonésia. Outros fatos preocupantes, entretanto, indicam que algo do mesmo gênero pode estar em curso no Brasil.

É preciso lembrar dos imensos interesses das grandes multinacionais de biotecnologia como a Monsanto. Apenas o mercado brasileiro de sementes de soja transgênica pode render, potencialmente, mais de 1 bilhão de reais por ano em taxas de uso da tecnologia, sem falar das vendas casadas de Roundup, o herbicida da Monsanto que "vai junto" com a soja a ele resistente. A Monsanto sabe muito bem o tamanho de seus interesses no Brasil e gastou, apenas em pouco mais de um mês de campanha publicitária multimídia, no início de 2004, algo perto de 35 milhões de reais. Quanto mais e de que forma terá gastado esta empresa (e outras) no Brasil para atrair um governo que se elegeu com um programa que em três pontos renega o uso desta tecnologia? Perto destes valores os recursos sacados pelo agente do mensalão, Marcos Valério, chegam a ser irrisórios.

Especulações à parte, há fatos suspeitos que mostram uma condenável mistura dos interesses públicos e privados nas discussões para regulamentar a recém aprovada Lei de Biossegurança. Em Abril passado, logo após a aprovação da Lei, representantes das empresas, quem sabe reunidos no Centro de Informações sobre Biotecnologia (uma ONG financiada pelas companhias de biotecnologia), redigiram um anteprojeto de decreto de regulamentação da lei, contando com a ajuda, pelo que circula em Brasília, do consultor jurídico do Ministério de Agricultura, Márcio Mazaro. Este anteprojeto chegou ao Ministério de Ciência e Tecnologia, que contratou os serviços do advogado Reginaldo Minaré, que já tinha trabalhado como consultor jurídico da CTNBio e das entidades de lobby pró transgênicos ANBIO (Associação Nacional de Biossegurança) e CIB (Conselho de Informações sobre Biossegurança), além do deputado e último relator da Lei de Biossegurança na Câmara, notório lobista pró transgênicos, Darcísio Perondi. Segundo informantes, este consultor discutiu o anteprojeto das empresas com técnicos da Embrapa e outros não identificados e conseguiu torna-lo ainda mais favorável à liberação ultra facilitada dos transgênicos, inclusive incluindo pontos que não foram aprovados na votação na Câmara e reintroduzindo outros vetados pelo presidente Lula.

O anteprojeto foi então encaminhado a um Grupo de Trabalho Interministerial para deliberação. Deste GT fazem parte, representantes dos Ministérios da Agricultura, Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, Relações Exteriores, Meio Ambiente, Saúde, Justiça, Desenvolvimento Agrário, Defesa e a Secretaria de Pesca, com a coordenação ficando ao cargo do Ministério da Casa Civil. O técnico da Casa civil responsável por coordenar este GT estratégico é o advogado Caio Leonardo Bessa Rodrigues, assessor da Subchefia de Assuntos Jurídicos.

O Dr. Caio não é exatamente uma pessoa neutra neste debate, pois fez parte do escritório de advocacia Pinheiro Neto Advogados que tinha, entre seus clientes mais importantes, a multinacional de biotecnologia Monsanto, direta interessada nos procedimentos a serem regulados pelo decreto em discussão no GT por ele coordenado. O Dr. Caio atuava na área de Assuntos Regulatórios e Relações Governamentais no escritório mencionado. Em outras palavras, a função do Dr. Caio era de lobista da Monsanto.

A promiscuidade entre governo e empresas é patente neste caso dos transgênicos e coloca sob suspeição o anteprojeto "do MCT" (na verdade das empresas), e o próprio coordenador do GT. É mais que suspeito o anteprojeto dar poderes excepcionais ao Ministro de Ciência e Tecnologia para escolher os 12 cientistas que irão compor por até 6 anos a nova CTNBio, quando este ministro não se incomodou com os procedimentos pouco sérios na deliberação da CTNBio para importação de milho transgênico, pois tal liberação interessava aos avicultores de Pernambuco, Estado de origem do Ministro.

Não existem provas ou mesmo evidências concretas de corrupção neste caso dos transgênicos no Brasil, mas o comportamento de parte do Governo e do Congresso, a culpa demonstrada da Monsanto na Indonésia, o ambiente de promiscuidade entre os interesses privados e públicos que está vindo à luz nestes últimos meses e a enormidade dos interesses em jogo justificaria uma investigação sobre o que pode haver "por baixo dos panos".

Se o governo Lula quiser dar uma demonstração inequívoca de transparência neste caso deveria retirar o anteprojeto de decreto de regulamentação em debate e afastar o Sr. Caio desta discussão, indicando pessoa com indiscutível isenção para dar seguimento à mesma. Não se trata, agora, de discutir as vantagens e desvantagens dos transgênicos, mas se o governo vai tratar o assunto com isenção, seriedade, ética e transparência ou se vai seguir fazendo o que mandam as empresas.

Última informação, Beto Vasconcelos, outro que participa do grupo de discussão para a regulamentação da Lei de Biossegurança, também é conselheiro do CIB. Vale lembrar que a ONG é patrocinada por empresas como Monsanto e Syngenta.

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Neste número:

1. Divergências sobre regras da nova lei de transgênicos
2. Soja RR: valor de royalties não agrada
3. Os camponeses e a invasão da soja
4. Porto rejeita cargas com transgênicos
5. Produtores paranaenses rejeitam soja transgênica
6. Japão identifica quarto carregamento contaminado com milho BT-10

Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura

Controle biológico da lagarta-do-cartucho

Dica de fonte de informação

Guia Transgênicos, disponível na seção "textos para download" do site da AS-PTA: www.aspta.org.br <http://www.aspta.org.br/>

1. Divergências sobre regras da nova lei de transgênicos

O grupo de trabalho constituído por representantes de 11 pastas e da Casa Civil e responsável pelo decreto que regulamentará a nova Lei de Biossegurança do país reúne-se hoje (quarta-feira, 6) em Brasília em busca de avanços em uma discussão que ainda gera incerteza entre os agricultores. Mas, antes mesmo de ser avaliada pelo governo, a minuta do decreto - produzida pela secretaria executiva da antiga Comissão Técnica de Biossegurança (CTNBio) - já é questionada por organizações não-governamentais (ONGs) e deverá fomentar novas rusgas sobre a segurança dos transgênicos.

O Ministério de Ciência e Tecnologia (MC&T), que coordena o trabalho, informou por meio da assessoria que a perspectiva é que o decreto seja editado neste mês e que a CTNBio volte a operar em agosto. A minuta, a qual o Valor teve acesso, estabelece normas de funcionamento do Conselho Nacional de Biossegurança (formado por 11 ministros), da CTNBio, das entidades de registro e fiscalização e do Sistema de Informações sobre Biotecnologia (SIB).

Jairon do Nascimento, secretário-executivo da antiga CTNBio, disse que a proposta de decreto foi elaborada com base na experiência da comissão e inclui correções de "algumas falhas" do regime atual, como mudanças no cronograma de reuniões e readequação do número de cientistas - que passam de 18 para 27 com a lei.

Mas há outras mudanças alvos de questionamento. Uma delas é a definição de que os membros da CTNBio devem ter doutorado e experiência nas áreas de biossegurança, biotecnologia, biologia ou saúde humana e que os 12 cientistas e dos seis representantes da sociedade civil serão indicados por entidades científicas e definidos pelo MC&T e Casa Civil, respectivamente. Os outros nove membros, que representarão os ministérios, devem ser indicados, mas não precisam necessariamente ser funcionários das respectivas pastas.

O MC&T enviou cartas às entidades científicas - como Sociedade Brasileira de Genética, Sociedade Brasileira de Melhoramento de Plantas, Academia de Ciências e Associação Nacional de Biossegurança (Anbio) - para receber indicações de nomes de cientistas. Jean Marc von der Weid, coordenador do programa de políticas públicas da Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa (AS-PTA), criticou o método de indicação. "Ele abre portas, por exemplo, para a indicação de funcionários da Embrapa, que desenvolve transgênicos e tem interesse na aprovação comercial, ou membros do CIB, que é entidade científica e tem representantes de outras empresas", afirma.

Ele também diz que a minuta não torna clara a necessidade de haver representantes de todas as áreas (saúde humana, saúde animal, alergologia, toxicologia, meio ambiente, entre outras), e propõe que as decisões da CTNBio, que pelo decreto são definidas maioria simples, sejam tomadas somente com maioria absoluta. "Pela regra atual, se numa votação apenas um especialista for contrário à liberação devido a problemas que o produto causará em uma área específica, mesmo assim o produto será aprovado".

A AS-PTA também defende maior transparência nas decisões da CTNBio, com audiências públicas e submissão dos projetos de liberação comercial à consulta pública. Ele lembrou o caso recente da Monsanto, que não enviou à Comissão Européia dados sobre o estudo que comprovava que seu milho MON 863 causou danos à saúde de ratos.

Alda Lerayer, secretária-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), disse que a escolha dos cientistas para participar da CTNBio ajuda a tirar o caráter político e fundamentalista das decisões sobre transgênicos. "A definição da nova CTNBio e a criação do Conselhão, definidos pelo decreto, dão um caráter mais profissional às discussões", disse. Ela afirmou, ainda, que a regulamentação demora mais do que o desejado e que isso afeta a credibilidade do Brasil no mercado externo.

Contexto

O Departamento de Agricultura da Tailândia quer que o Greenpeace envie seu estudo que comprova que o mamão papaia transgênico testado em uma estação de pesquisa de Khon Kaen estava contaminado com um gene de resistência ao antibiótico tetraciclina, que causa riscos à saúde humana. Segundo o governo do país, que ainda não aprovou o uso comercial do mamão transgênico, a ONG ainda não mostrou provas de suas investigações, informou o "Financial Times". Segundo o Greenpeace, o estudo foi feito em junho de 2004 e, à época, o governo da Tailândia disse ter destruído as plantas transgênicas, mas foram encontradas árvores geneticamente modificadas em duas províncias do país neste ano.

Valor Econômico, 06/07/2005

2. Soja RR: valor de royalties não agrada

A Monsanto anunciou, na semana passada, como será o sistema de cobrança de royalties e de indenização pelo uso não-autorizado da tecnologia Roundup Ready (RR), desenvolvida pela empresa e aplicada na soja transgênica. O sistema, porém, vem provocando discordância nos setores produtores de sementes e entre representantes de agricultores, que pleiteiam rediscutir o assunto. A Monsanto cobrará em royalties, por saca de 40 quilos de semente de soja transgênica certificada, o valor fixo de R$ 35,20. Este valor deve ser adicionado ao custo da saca de sementes, que hoje está por volta de R$ 60 a R$ 70 e passaria a custar quase R$ 100. Os royalties equivalem, em média, a R$ 50 por hectare plantado, conforme a Monsanto.

A cobrança será feita pelas empresas multiplicadoras de sementes, que repassarão a parcela em royalties que cabe à multinacional. Já no caso de sementes piratas, a empresa cobrará uma indenização de 2% do produtor, no momento da venda da safra. Conforme estudos realizados por várias instituições de pesquisa, além dos relatos dos próprios agricultores, o ganho adicional que o uso da tecnologia RR tem demonstrado na soja é de cerca de R$ 200 por hectare.

Valores Inversos

O setor de produção de sementes, representado pela Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), concorda com a cobrança, "mas não com os valores", diz o presidente da Abrasem, Ywao Miyamoto. "Quem compra soja transgênica certificada vai pagar mais do que quem plantou soja pirata."

"Quando concordamos em multiplicar as sementes, ainda não havia a definição de quanto seria cobrado pelo uso da tecnologia, mas havia uma promessa de que essa taxa não seria maior do que a cobrada pela semente pirata. Isso é um estímulo ao plantio de soja pirata." Outro contra-senso, para Miyamoto, é que o valor de R$ 35,20, além de caro, não deveria ser fixo, mas variar conforme a região. "O valor da semente varia até R$ 7, conforme a região."

Na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, ainda não havia ocorrido, até sexta-feira, nenhuma reunião para discutir a questão, segundo o presidente da Comissão Nacional de Crédito, Carlos Sperotto. "Temos de discutir isso. A Monsanto não pode definir tudo sozinha, sem ouvir o setor produtivo", defende. "Apesar de ser uma tecnologia que a Monsanto detém, nós queremos e vamos discutir", concorda o vice-presidente da Federação da Agricultura de Mato Grosso, Rui Prado. Há, segundo ele, vários assuntos, além dos royalties, a serem levados em conta, "como o risco de contaminação da soja convencional pela transgênica".(...)

O Estado de São Paulo, 06/07/2005

3. Os camponeses e a invasão da soja

A produção de soja avança nos campos paraguaios e retiram os camponeses de suas terras. Um dos últimos fatos denunciados ocorreu no final do mês passado quando produtores brasileiros de soja geneticamente modificada, protegidos pela polícia e pelos militares do Paraguai, atacaram a comunidade camponesa Tekojoja, em Caaguazú.

Segundo informações das agências de notícias, a comunidade de Tekojoja é um assentamento rural de 500 hectares, onde vivem 56 famílias camponesas, localizado a 70 quilômetros da cidade de Caaguazú. Esta comunidade faz parte da Organização Agrária e Popular e parte do MCNOC (Coordenadoria da Plataforma Nacional de Organizações Camponesas), Via Campesina Paraguai e da Frente Soberania e Vida.

Caaguazú, junto a San Pedro, são as regiões paraguaias onde mais tem se expandido o monocultivo de OGM nos últimos cinco anos. Existem 2 milhões de hectares de soja geneticamente modificada no Paraguai e um plano governamental de expansão de 2 milhões de hectares a mais. Em tal país, menos de 2% da população é dona de 70% da terra, territórios de onde foram expulsos seus históricos habitantes.

A soja transgênica fundamentalmente dirigida à exportação é a causa principal da grave situação. A média dos conflitos relacionados com a terra tem aumentado nos últimos anos consideravelmente. Apenas em 2004 ocorreram 162 conflitos pelo solo e 118 ocupações de terras.

Tekojoja é um dos assentamentos rurais recuperados pela reforma agrária, ainda que muitas dessas terras voltaram para as mãos de fazendeiros privados mediante manobras corruptas e ilegais, ou estafando os camponeses. Tal é o caso da comunidade de Tekojoja, que foi, desde seu começo, ameaçada pela expansão dos monocultivos de soja transgênica.

Em agosto de 2004, a comunidade foi atacada, com o resultado de várias pessoas detidas e outras feridas. No último dia 25 de junho, os advogados Pedro Torrales e Nelly Varela irromperam junto com 150 policiais, com a intenção de desalojar toda a comunidade. Durante o desalojamento e ante a presença dos advogados, a população foi, selvagemente, acossada e agredida. A polícia, seguida por paramilitares, desalojou e prendeu as pessoas, destruiu as casas com escovadeiras e depois as incendiaram. Foram levadas 130 pessoas, entre elas 40 crianças, e encarceradas em Caaguazú. Galeano, um porta-voz da comunidade, relatou que, depois do incidente, 29 homens, 119 mulheres e 40 menores foram libertados.

Alguns camponeses desapareceram. Durante o desalojamento, o pretendido dono Adelin Osperman (produtor de soja brasileiro) juntamente com alguns empregados com escopetas entraram com caminhões no local, baleando os camponeses e matando Angel Cristaldo (de 30 anos) e Leopoldo Torres (de 49 anos).Feriram outras cinco pessoas ante a vista dos policiais presentes no terreno.

A organização camponesa programou várias manifestações para os próximos dias. Será realizada uma marcha em Assunção, em aos frente escritórios dos advogados, denunciado a conduta dos dois, que ordenaram o desalojamento. Um deles, Nelly Varela, ordenou à polícia a retirar as crianças da escola, e levá-los à prisão, como se fossem criminosos, comentou Galeano.

O Movimento Camponês Paraguaio (MCP) denunciou o governo presidido por Nicanor Duarte Frutos e o responsabilizou pela repressão ao assentamento camponês Tekojoja, onde atacaram 270 camponeses. "Exigimos a liberdade imediata dos companheiros presos injustamente no cárcere da cidade de Coronel Oviedo", declara a entidade.

http://www.adital.org.br/site/noticias/17486.asp?lang=PT&cod=17486 <http://www.adital.org.br/site/noticias/17486.asp?lang=PT&cod=17486> , 04/07/2005

4. Porto rejeita cargas com transgênicos

O porto de Paranaguá rejeitou, na última sexta-feira, 28 caminhões de soja destinada à exportação. As carretas portavam laudo que certificava que a carga era composta por grãos convencionais, mas exames realizados pela empresa pública de classificação Claspar encontraram traços de transgenia. O governo do estado proíbe o embarque de transgênicos no terminal.

De acordo com a Administração dos Portos de Antonina e Paranaguá (Appa), a carga barrada pertence à empresa Adubos Viana, que no mês passado teve outros 101 caminhões impedidos de embarcar por conterem grãos geneticamente modificados - carregamento que também possuía laudos garantindo que a soja transportada era convencional. Os laudos dos caminhões recusados na primeira vez foram emitidos pela certificadora SGS do Brasil, que tem sede em Paranaguá.

O carregamento barrado na sexta-feira, por sua vez, recebeu certificação de outra empresa, a Wakefield Inspection Services do Brasil, também sediada na cidade portuária. Em nota, o superintendente da Appa, Eduardo Requião, afirma que existe "uma clara intenção de burlar as normas instituídas pelo governo do estado do Paraná, que proíbe o embarque de soja transgênica para exportação". E promete agir com mais rigor a partir de agora, passando a reter os caminhões que até então eram apenas obrigados a retornar ao local de origem.

Para a Appa, a Adubos Viana estaria utilizando um mesmo laudo - que certifica que a soja é convencional - várias vezes para diferentes cargas, o que configuraria "falsificação documental".

O gerente comercial da Wakefield, Luiz Alfredo das Neves, nega a acusação. "Não houve má-fé, nem por parte da Wakefield nem por parte da Adubos Viana", diz. Segundo ele, o fato de a Wakefield ter classificado como convencionais cargas de soja transgênica seria conseqüência de dificuldades técnicas comuns a esse tipo de procedimento, uma vez que as análises são feitas a partir de amostras. Os 28 caminhões recusados na sexta-feira pertenciam a um lote maior, de 38 carretas.

"A primeira análise da Claspar mostrou que todos os 38 caminhões tinham soja transgênica", diz Neves. "Mas uma segunda análise, feita a partir de novas amostras, constatou que 10 deles tinham apenas soja convencional." Para ele, isso comprovaria que mesmo a Claspar encontra dificuldades nas análises.(...)

Gazeta do Povo, Curitiba, 06/07/2005

5. Produtores paranaenses rejeitam soja transgênica

Produtor rural e presidente da Sociedade Rural dos Campos Gerais, Pilatti Rosas descartou a hipótese de cultivar soja transgênica, explicando que não tem problemas com ervas invasoras em sua produção e que a remuneração da soja transgênica não é favorável ao produtor: "Ainda não estou vendo o custo benefício, não ganho nada para plantar transgênico. Ao contrário, tenho tido notícias de deságio na hora de vender o produto. O mercado ainda não está muito claro", afirmou.

Pilatti Rosas está aconselhando cautela para os produtores na hora de optar pela soja transgênica. "Este ano está sendo muito difícil. O agricultor já vai plantar no limite dos recursos e não pode correr riscos. Aconselho aos produtores que pensem e reflitam se esse é o momento adequado para se arriscar", advertiu.

Batavo - Também a Cooperativa Batavo segue a mesma linha de raciocínio para esta safra. O gerente Antônio Carlos Campos destaca que a orientação aos cooperados é de que nesta safra ainda não se plante soja transgênica. "A Batavo tem um trabalho de rastreabilidade já com oito anos, garantindo o não plantio de soja transgênica e com isso tem agregado valor ao seu produto", declarou.

Segundo Carlos Campos, outro argumento contrário à soja transgênica está no potencial produtivo das variedades de soja convencional adaptadas para os Campos Gerais. "Os materiais transgênicos para a região ainda não são tão produtivos como os convencionais", explicou. Agravando ainda este resultado para ele, o principal problema está no custo dos royalties. "Com produtividade menor, o custo adicional de R$ 56 por hectare, acaba ficando pesado". A cooperativa realizou testes comparando produtividade e custos de produção da soja transgênica e da convencional. A convencional ganha em 180 quilos por hectare, o que hoje representa R$ 105 de margem positiva para a convencional.

Royalties - Na semana passada, a Monsanto, detentora da tecnologia da soja transgênica, divulgou informações sobre os royalties que serão cobrados sobre as sementes. O valor dos royalties para as sementes certificadas para a safra 2005/2006 será de R$ 35,20 por saca de 40 quilos de sementes (R$ 0,88/kg de semente). Isso equivale, em média, a R$ 56 por hectare plantado.

Os produtores estão confirmando que a produtividade da soja transgênica é inferior a da soja convencional. Com o custo dos royalties e colhendo menos por hectare, a opção por soja transgênica acabará acarretando prejuízos elevados para os produtores Outro fator de receio é que não há limite para a cobrança de royalties, que poderão ser reajustados progressivamente pela Monsanto.
http://www.agenciadenoticias.pr.gov.br/modules/news/article.php?storyid=12772 ),

04/07/2005

6. Japão identifica quarto carregamento contaminado com milho BT-10

O Japão descobriu um quarto carregamento de ração contaminada com o milho transgênico BT-10 vindo dos EUA. O importador terá duas opções, segundo o Ministério da Agricultura: destruir o carregamento, ou mandá-lo de volta para os Estados Unidos.

Amostras da carga norte-americana foram testadas e indicaram traços de BT-10, a variedade de milho geneticamente modificado fabricada pela Syngenta e não aprovada para distribuição. Em março deste ano, a empresa informou que algumas de suas sementes de milho nos EUA foram acidentalmente contaminadas com BT-10 entre os anos de 2001 e 2004.

O Japão possui uma política de tolerância zero com relação a importações de OGMs não aprovados. O Ministério da Agricultura propôs aceitar, no entanto, carregamentos de ração com até 1% da variação do milho BT-10 para facilitar a importação de milho pelas indústrias japonesas, mas a proposta ainda está sujeita à aprovação da Comissão Japonesa de Segurança Alimentar, um órgão independente.

De acordo com um comunicado do Ministério da Agricultura, divulgado na última quarta-feira, o carregamento chegou ao porto de Tomakomai, no norte da ilha de Hokkaido, no dia 20 de junho. O ministério não informou o nome da empresa importadora.

Esta foi a quarta descoberta de carregamento contaminado com o BT-10 vindo dos EUA, desde o dia 23 de maio. Outros ainda poderão ser descobertos, uma vez que o Ministério da Agricultura determinou que se aplicassem testes em todos os carregamentos vindos dos EUA.

http://www.checkbiotech.org/root/index.cfm?fuseaction=news&doc_id=10727&start=1&control=226&page_start=1&page_nr=101&pg=1 <http://www.checkbiotech.org/root/index.cfm?fuseaction=news&doc_id=10727&start=1&control=226&page_start=1&page_nr=101&pg=1> , 07/07/2005

Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura

Controle biológico da lagarta-do-cartucho

Um inseticida eficaz, seguro para o meio ambiente e para o homem. Essas são apenas algumas das vantagens do bioinseticida que está sendo desenvolvido por pesquisadores do departamento de Farmacologia do ICB em parceria com a Embrapa de Sete Lagoas. A "vítima" é a praga agrícola do milho, a lagarta Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho), que come o cereal e suas folhas. Responsável pela perda de cerca de 30% da produção, a lagarta ainda é combatida com inseticidas químicos, que, apesar de eficientes e apresentarem custos baixos, podem provocar graves danos ambientais. Alternativa a inseticidas convencionais, o bioinseticida é baseado na ação de um vírus específico para inseto, chamado baculovírus, que existe na Natureza. Apesar de ser letal para a lagarta, sua ação é lenta. "Estamos elaborando sistemas para acelerar o processo de morte da lagarta infectada pelo baculovírus", conta Evanguedes Kalapothakis, um dos coordenadores do projeto. Esse processo é feito pela manipulação genômica. "Introduzimos no DNA desse vírus o gene de uma toxina que ataca o sistema nervoso da lagarta." Assim, o vírus mata a praga mais rapidamente.

Como os baculovírus agem lentamente, os pesquisadores buscam formas de potencializar sua atuação. Uma possibilidade seria pesquisar exemplares de baculovírus de maior poder letal contra as lagartas. No entanto, esse processo de genética seletiva é lento, podendo levar décadas até que se obtenha o vírus com as condições e características ideais para substituir o inseticida químico. "Optamos, então, por uma estratégia mais rápida e eficaz, a modificação genética dos baculovírus, por meio da introdução de genes relacionados à produção de toxinas em seu genoma", conta o professor Evanguedes Kalapothakis, que coordena a pesquisa juntamente com o professor Marcus Vinícius Gomez e o pesquisador Ivan Cruz, da Embrapa. Os genes, originários de aranhas e escorpiões, são selecionados a partir do isolamento e caracterização de toxinas produzidas por esses animais. "Escolhemos genes de toxinas que atacam o sistema nervoso da lagarta e não atuam em mamíferos e em aves", explica Kalapothakis. As modificações genéticas já testadas nos baculovírus aumentam sua capacidade letal, reduzindo o tempo de vida da lagarta em até 20%. "Os resultados já são significativos, mas nossa meta é chegar aos 50%", completa o professor.

A Embrapa, além de realizar pesquisa em seus próprios laboratórios, fornece lagartas para os experimentos e disponibilizará baculovírus por ela patenteados, específicos para o combate da praga do milho. Os pesquisadores também pretendem encontrar parceiros na iniciativa privada, já que o bioinseticida possui um grande potencial econômico: "A demanda pela produção de sistemas mais seguros para o meio ambiente e para os seres humanos vem da própria sociedade, que já percebeu a dimensão dos prejuízos provocados pelos inseticidas químicos ", afirma o professor

http://revistapesquisa.fapesp.br:2222/transform.php?xml=4/0/20020604/20020676/pt /SUB71_5.xml&xsl=xsl/pt/section.xsl&transf=normal&id=SUB71_5&lang=pt&subsection=SUB71

Dica de fonte de informação

No folheto "Guia Transgênico", que pode ser lido no site da AS-PTA, encontram-se informações detalhadas sobre os organismos geneticamente modificados, tais como os supostos benefícios proporcionados pelos transgênicos, o controle sobre as sementes, a Lei de Biossegurança, a obrigatoriedade da rotulagem, etc.

Disponível no site www.aspta.org.br <http://www.aspta.org.br/